Mário Augusto Jakobskind
Uma coisa que não dá para medir, mas apenas para sentir, é o tipo de influência que a televisão está tendo sobre a opinião pública em todos os setores sociais. Não é um fenômeno brasileiro apenas, mas o poder da TV no Brasil é de fazer espécie.
Dia destes, por exemplo, o jornal Folha de S. Paulo informava que numa prova de seleção para a contratação de escriturários pela Prefeitura de Taubaté, no interior paulista, uma das questões que os 1.600 candidatos disputando 40 vagas eram obrigados a responder dizia respeito a personagens do Big Broher Brasil (BBB).
O exemplo deste culto midiático vem de cima. No último dia 15 de abril, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou lei mudando a denominação da Ordem do Mérito das Comunicações para Ordem do Mérito das Comunicações Jornalista Roberto Marinho. O projeto tinha sido aprovado no Congresso por indicação do senador Marco Maciel, do ex-PFL, que hoje se esconde sob a denominação de Democratas (Demo). Ninguém questionou esta homenagem ao empresário e agora o fato está consumado.
Outro dia foi aprovada a mudança de horário em alguns Estados do norte do país. Era também para atender a uma exigência da Rede Globo, que se sentia prejudicada em suas novelas com a classificação etária de programas em determinados horários. A acomodação do relógio quebrou o galho da TV Globo.
No Rio de Janeiro o prefeito on-line César Maia está fazendo uma obra caríssima na Barra da Tijuca: a cidade da música Roberto Marinho. Em vez de combater a dengue, o prefeito gasta milhões com um empreendimento que atenderá os setores de alto poder aquisitivo e está sendo construído a toque de caixa, porque o prefeito quer terminar a obra antes de completar o mandato.
A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy deu até nome de rua ao referido empresário. Quando entidades do movimento social mudaram numa avenida a placa de Roberto Marinho para Vladimir Herzog, a polícia avisada imediatamente acionou o dispositivo no sentido de restabelecer o nome e reprimir os manifestantes. Foi tudo rápido, muito mais do que atender a qualquer outra ocorrência policial.
Na verdade, a influência da TV se faz sentir nos mínimos detalhes. Agora, por exemplo, os telespectadores estão acompanhando em capítulos o caso Isabella. A audiência dos telejornais e dos programas de culto à violência nos mais diversos canais subiu na base dos 46%, segundo pesquisas. Violência vende. Para o jornalismo de mercado, “violência também é cultura”.
E de que forma estes fatos poderiam estar influindo no cotidiano carioca e brasileiro. Um exemplo concreto deu para constatar numa reunião de condomínio de um prédio de moradores da classe média de Copacabana, o bairro considerado por muitos analistas como síntese do Brasil, onde lá se encontram espremidos entre o mar e a montanha representantes de todos os setores sociais. Os condôminos-telespectadores assíduos discutiam a necessidade de se instalar câmeras para “controlar o movimento no prédio e evitar alguma tragédia”, segundo os que se sentiam mais apavorados. E de onde vem a paranóia? Por mais que digam ao contrário, a violência diária na cidade era um dos pratos no cardápio antes do início da reunião do condomínio.
A reunião teve como climax do senso comum a apresentação de uma proposta de se colocar creolina na parte da entrada do prédio, pois mendigos “atrapalhavam” a livre circulação e a santa paz dos moradores. É o que boa parte dos moradores de bairros da zona sul está fazendo para “combater a proliferação dos mendigos”, alegavam os mais radicais.
A distância da creolina para o incêndio de algum ser humano, como fizeram filhos da classe média com um índio pataxó em Brasília, não é muito grande. Aí aparecem alguns filhos da classe média espancando uma trabalhadora que esperava condução de madrugada, como aconteceu recentemente na Barra da Tijuca, e a pena para os meliantes é mínima. Isto quando não prevalece a impunidade. Aí vem um pai de um dos meliantes e diz: “meu filho é boa gente, faz universidade, estava apenas brincando”.... E tudo fica por isso mesmo. Como “violência também é cultura”, tome de caveirão e creolina em algumas entradas de prédios da zona Sul.
Fonte: Direto da Redação
Uma coisa que não dá para medir, mas apenas para sentir, é o tipo de influência que a televisão está tendo sobre a opinião pública em todos os setores sociais. Não é um fenômeno brasileiro apenas, mas o poder da TV no Brasil é de fazer espécie.
Dia destes, por exemplo, o jornal Folha de S. Paulo informava que numa prova de seleção para a contratação de escriturários pela Prefeitura de Taubaté, no interior paulista, uma das questões que os 1.600 candidatos disputando 40 vagas eram obrigados a responder dizia respeito a personagens do Big Broher Brasil (BBB).
O exemplo deste culto midiático vem de cima. No último dia 15 de abril, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou lei mudando a denominação da Ordem do Mérito das Comunicações para Ordem do Mérito das Comunicações Jornalista Roberto Marinho. O projeto tinha sido aprovado no Congresso por indicação do senador Marco Maciel, do ex-PFL, que hoje se esconde sob a denominação de Democratas (Demo). Ninguém questionou esta homenagem ao empresário e agora o fato está consumado.
Outro dia foi aprovada a mudança de horário em alguns Estados do norte do país. Era também para atender a uma exigência da Rede Globo, que se sentia prejudicada em suas novelas com a classificação etária de programas em determinados horários. A acomodação do relógio quebrou o galho da TV Globo.
No Rio de Janeiro o prefeito on-line César Maia está fazendo uma obra caríssima na Barra da Tijuca: a cidade da música Roberto Marinho. Em vez de combater a dengue, o prefeito gasta milhões com um empreendimento que atenderá os setores de alto poder aquisitivo e está sendo construído a toque de caixa, porque o prefeito quer terminar a obra antes de completar o mandato.
A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy deu até nome de rua ao referido empresário. Quando entidades do movimento social mudaram numa avenida a placa de Roberto Marinho para Vladimir Herzog, a polícia avisada imediatamente acionou o dispositivo no sentido de restabelecer o nome e reprimir os manifestantes. Foi tudo rápido, muito mais do que atender a qualquer outra ocorrência policial.
Na verdade, a influência da TV se faz sentir nos mínimos detalhes. Agora, por exemplo, os telespectadores estão acompanhando em capítulos o caso Isabella. A audiência dos telejornais e dos programas de culto à violência nos mais diversos canais subiu na base dos 46%, segundo pesquisas. Violência vende. Para o jornalismo de mercado, “violência também é cultura”.
E de que forma estes fatos poderiam estar influindo no cotidiano carioca e brasileiro. Um exemplo concreto deu para constatar numa reunião de condomínio de um prédio de moradores da classe média de Copacabana, o bairro considerado por muitos analistas como síntese do Brasil, onde lá se encontram espremidos entre o mar e a montanha representantes de todos os setores sociais. Os condôminos-telespectadores assíduos discutiam a necessidade de se instalar câmeras para “controlar o movimento no prédio e evitar alguma tragédia”, segundo os que se sentiam mais apavorados. E de onde vem a paranóia? Por mais que digam ao contrário, a violência diária na cidade era um dos pratos no cardápio antes do início da reunião do condomínio.
A reunião teve como climax do senso comum a apresentação de uma proposta de se colocar creolina na parte da entrada do prédio, pois mendigos “atrapalhavam” a livre circulação e a santa paz dos moradores. É o que boa parte dos moradores de bairros da zona sul está fazendo para “combater a proliferação dos mendigos”, alegavam os mais radicais.
A distância da creolina para o incêndio de algum ser humano, como fizeram filhos da classe média com um índio pataxó em Brasília, não é muito grande. Aí aparecem alguns filhos da classe média espancando uma trabalhadora que esperava condução de madrugada, como aconteceu recentemente na Barra da Tijuca, e a pena para os meliantes é mínima. Isto quando não prevalece a impunidade. Aí vem um pai de um dos meliantes e diz: “meu filho é boa gente, faz universidade, estava apenas brincando”.... E tudo fica por isso mesmo. Como “violência também é cultura”, tome de caveirão e creolina em algumas entradas de prédios da zona Sul.
Fonte: Direto da Redação