Pr. Ricardo Gondim
Já era tarde quando deitei-me, exausto. O silêncio da madrugada fria convidava-me para um sono profundo. Sonhei a noite inteira.
Sonhei que estava em um culto com o auditório lotado. A reunião iniciou-se com uma oração muito mecânica. Em seguida, apresentou-se um grupo musical gospel. Nos primeiros acordes, notei que faltava talento e sobravam decibéis. A letra era paupérrima, toda a música concentrava- se em repetir o refrão. A multidão gritava e agitava-se num frenesi alucinante. O líder do culto levantou-se e ensinou às pessoas uma coreografia que, segundo ele, derrotaria o diabo. Todos, como se estivessem com espadas na mão, passaram a encenar uma batalha de esgrima.
O pregador da noite começou a falar e, por cerca de cinqüenta minutos discorreu sobre assuntos diversos sem, contudo, conduzir uma linha de raciocínio. Parecia que não havia se preparado. Falava, falava, deixando que suas divagações o conduzissem a um próximo pensamento que não tinha nada a ver com o anterior.
De repente, para minha surpresa, vi ao meu lado, participando do culto, quatro personagens históricos: Martinho Lutero, João Calvino, João Wesley e Gunnar Vingren. Todos mostravam-se inquietos. O clima era desconfortável.
Lutero mostrava-se indignado pelo que parecia ser um retorno à Igreja Medieval dos amuletos e relíquias. Queria saber o que acontecera aos evangélicos para estarem novamente acreditando que sal grosso afasta mau-olhado, que copo d'água traz bênçãos.
Expliquei-lhe que a igreja brasileira está inserida em uma cultura muito mística. Lutero, porém, veementemente mostrou-me que a Palavra deveria ser suficiente para produzir fé.
Calvino interveio em nossa conversa. Ele também estava revoltado. Sua maior preocupação era entender o porquê de tanto descaso com a Bíblia. Os reformadores, segundo ele, lutaram muito para que as pessoas aprendessem que a melhor maneira de cultuar a Deus é conhecendo e vivendo os princípios eternos de Deus.
Wesley encontrava-se aturdido. Ele disse que, por aquele culto, percebia haver muitos chavões, mas pouco compromisso ético na igreja. Por duas vezes, perguntou-me: "Será possível conduzir a obra de Deus apenas prometendo triunfo, sem jamais questionar a vocação profética da igreja?". Tentei explicar novamente, mas eu mesmo estava envergonhado e minha explicação foi vã.
Gunnar Vingren (fundador da Assembléia de Deus) não aceitava que todo o sacrifício dos pioneiros do movimento pentecostal desmoronasse em uma teologia tão imediatista. Ele me disse que não havia Pentecostes sem a cruz.
Encontrava-me rodeado por uma grande nuvem de testemunhas e todos tinham o semblante preocupado. Comecei a suar. E, felizmente, acordei.
Sem conseguir dormir de novo, ainda em minha cama, orei. Em minha prece, pedi a Deus que levante no Brasil um povo comprometido em ter apenas a Bíblia como regra de fé e prática. Supliquei a Deus que nos faça uma igreja solidária com os miseráveis, profética na defesa dos indignos e misericordiosa com os pecadores.
Enviado por Márcio Melânia
Já era tarde quando deitei-me, exausto. O silêncio da madrugada fria convidava-me para um sono profundo. Sonhei a noite inteira.
Sonhei que estava em um culto com o auditório lotado. A reunião iniciou-se com uma oração muito mecânica. Em seguida, apresentou-se um grupo musical gospel. Nos primeiros acordes, notei que faltava talento e sobravam decibéis. A letra era paupérrima, toda a música concentrava- se em repetir o refrão. A multidão gritava e agitava-se num frenesi alucinante. O líder do culto levantou-se e ensinou às pessoas uma coreografia que, segundo ele, derrotaria o diabo. Todos, como se estivessem com espadas na mão, passaram a encenar uma batalha de esgrima.
O pregador da noite começou a falar e, por cerca de cinqüenta minutos discorreu sobre assuntos diversos sem, contudo, conduzir uma linha de raciocínio. Parecia que não havia se preparado. Falava, falava, deixando que suas divagações o conduzissem a um próximo pensamento que não tinha nada a ver com o anterior.
De repente, para minha surpresa, vi ao meu lado, participando do culto, quatro personagens históricos: Martinho Lutero, João Calvino, João Wesley e Gunnar Vingren. Todos mostravam-se inquietos. O clima era desconfortável.
Lutero mostrava-se indignado pelo que parecia ser um retorno à Igreja Medieval dos amuletos e relíquias. Queria saber o que acontecera aos evangélicos para estarem novamente acreditando que sal grosso afasta mau-olhado, que copo d'água traz bênçãos.
Expliquei-lhe que a igreja brasileira está inserida em uma cultura muito mística. Lutero, porém, veementemente mostrou-me que a Palavra deveria ser suficiente para produzir fé.
Calvino interveio em nossa conversa. Ele também estava revoltado. Sua maior preocupação era entender o porquê de tanto descaso com a Bíblia. Os reformadores, segundo ele, lutaram muito para que as pessoas aprendessem que a melhor maneira de cultuar a Deus é conhecendo e vivendo os princípios eternos de Deus.
Wesley encontrava-se aturdido. Ele disse que, por aquele culto, percebia haver muitos chavões, mas pouco compromisso ético na igreja. Por duas vezes, perguntou-me: "Será possível conduzir a obra de Deus apenas prometendo triunfo, sem jamais questionar a vocação profética da igreja?". Tentei explicar novamente, mas eu mesmo estava envergonhado e minha explicação foi vã.
Gunnar Vingren (fundador da Assembléia de Deus) não aceitava que todo o sacrifício dos pioneiros do movimento pentecostal desmoronasse em uma teologia tão imediatista. Ele me disse que não havia Pentecostes sem a cruz.
Encontrava-me rodeado por uma grande nuvem de testemunhas e todos tinham o semblante preocupado. Comecei a suar. E, felizmente, acordei.
Sem conseguir dormir de novo, ainda em minha cama, orei. Em minha prece, pedi a Deus que levante no Brasil um povo comprometido em ter apenas a Bíblia como regra de fé e prática. Supliquei a Deus que nos faça uma igreja solidária com os miseráveis, profética na defesa dos indignos e misericordiosa com os pecadores.
Enviado por Márcio Melânia